Procura-se profetas e pregadores de todas as igrejas, que profetizem mais sobre Deus e sobre os outros, e menos sobre si mesmos; que falem mais do que está nos livros santos do que de suas vidas e do que lhes aconteceu na infância ou na juventude. Por mais interessantes que sejam suas vidas, há personagens e vidas bem mais interessantes na Bíblia. Que aprendam a apontar para a santidade dos outros e façam menos marketing de si mesmos!
Procura-se pregadores qeu voltem a contar histórias bíblicas e ensinar mais a Bíblia aos seus fiéis, e que usem menos a palavra eu, meu, mim, nosso grupo, e falem mais de Jesus Cristo e dos seus santos. Que descubram que o mesmo sol que brilha na sua cabeça, também já brilhou, está brilhando e brilhará na cabeça de outras pessoas.
Procura-se pregadores que deem outros endereços de Jesus Cristo e não apenas o da sua igreja, porque Jesus mesmo disse para tomar-mos cuidado com quem diz que sabe onde ele está e, em geral, acaba dando o próprio endereço (Mt 24, 23-28).
Procura-se pregadores que sejam mais pastores do que tosquiadores de ovelhas. O pastor cuida, o tosquiador lhes leva a lã. Procura-se gente que recolha o dízimo e as contribuições, mas não ponha tanta ênfase neles a ponto de garantir o Céu e a salvação eterna para quem pagou o dízimo. O Reino de Deus é mais do que toma lá, dá cá. Jesus chegou a dizer que nem os pregadores, nem os exorcistas, nem os curadores têm o Céu garantido (Mt 7, 22-23). Nunca disse que o dízimo é fonte de salvação eterna (Lc 11, 42). A garantia é a caridade.
Procura-se fiéis que não vendam sua alma nem a ponham em leilão, diante do pregador que ofereça mais milagres, mais domínio sobre o demônio, mais espetáculo, mais promessas. Examinem as Escrituras e aprendam a questionar seus pregadores que, às vezes, citam as passagens que interessam à sua igreja, e omitem as que podem justificar a prática das igrejas que eles combatem; por exemplo, o uso das imagens, trajes e alimentos.
Procura-se pregadores que não coloquem quem crê diferente como perdedor no inferno e nas trevas, enquanto, para seu grupo, usam as palavras iluminado, eleito, mais fiel, vencedor, mais que vencedor. Estão se julgando mais crentes do que os outros e, por isso mesmo, serão julgados.
Procura-se cantores religiosos que usem mais a Bíblia, a vida do povo para suas canções, e que cantem mais do que o louvor de Deus. Que entendam que, se é bonito louvar o Senhor, também é bonito ensinar outras verdades da Bíblia e do catecismo. Que cantem cantos novos, letras novas e temas novos para que o povo de Deus aprenda, cantando, a sentir pena dos outros e a entender suas obrigações sociais; que cantem para ensinar mais paz e concórdia, já que lobo e cordeiro ainda não bebem das mesmas águas, e os cordeiros ainda não aprenderam a se defender dos lobos que os cercam.
Enfim, procura-se mais Palavra de Deus e menos testemunhos pessoais, menos mensagens de videntes e mais mensagens da Bíblia e do catecismo. Ênfase certa, catequese correta!
Do livro Espiritualidade Conciliadora - Editora SCJ
Pe. Zezinho SCJ (José Fernandes de Oliveira) - https://www.facebook.com/padrezezinhoscj
Escritor de mais de 300 livros, milhares de artigos e professor de comunicação, pioneiro e referência da música cristã; inúmeras dentre suas mais de duas mil canções (com letras sempre conforme a original doutrina cristã) estão entre as mais cantadas por católicos, evangélicos e outros, ainda que, por vezes, nem sequer saibam ser ele o compositor. Nas décadas de 1960 a 1980 foi considerado o padre cantor mais conhecido do mundo: feitos altamente notáveis, já que jamais se submeteu à mídia convencional, não fez média para agradar e tudo que arrecadou com seus livros, apresentações e discos foi e é destinado a obras sociais. Profundo estudioso e disseminador da história e doutrina da Igreja e das religiões, defensor do ecumenismo, do diálogo inter-religioso e do respeito entre os diferentes. Em 2025 completou 84 anos e há 13 anos, por causa de AVC e outras enfermidades, parou de viajar pelo mundo, reduzindo suas atividades a estudar, compor, escrever e, eventualmente, gravar (raramente com sua voz e somente com pequenas participações).