(Extraído do meu livro *Amizade talvez seja isso*)
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor.
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por ele me haver levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contaram algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão.
Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.
Se tentarem me canonizar, diga que eu não quis nunca ser incensado em vida. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles.
Se sentir saudade e desejar rezar por mim, pode fazê-lo. Eu talvez precise de oração.
Se quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: FOI MEU AMIGO, ACREDITOU EM MIM E ME QUIS PARA DEUS! Ou… ERA UMA SETA: VIVIA APONTANDO NA DIREÇÃO DE DEUS!
Aí, então, derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.
Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele.
E, quando chegar a sua vez de ir ver o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele.
Você acredita nessas coisas? Então reze para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu...
Ser seu amigo já era um pedaço dele...
Este texto é meu. Mas já foi atribuído a Vinicius de Morais e um famoso poeta sertanejo o declamou sem dizer que era meu.
Aliás, acontece muito. Cantam minhas canções ocultando que o autor sou eu. E até dizem que o "Alô, meu Deus" é do Padre Léo. É minha, mas ele gostava de cantá-lá. Ele era meu aluno. E morreu cantando esta minha canção.
Na Igreja há muitos cantores que ocultam o autor e deixam transparecer que os autores são eles. Bastaria dizer: "Esta canção que vou cantar não é minha". Mas não conseguem fazê-lo...
Faz mais de quarenta anos que escrevi este livro e este poema. Mas até hoje perguntam se é do Vinicius de Morais…
Publiquei de novo para esclarecer. Escrevi na Igreja de São Judas do Jabaquara e o livro ainda se vende nas Paulinas!...

Pe. Zezinho SCJ (José Fernandes de Oliveira) - https://www.facebook.com/padrezezinhoscj
Escritor de mais de 300 livros, milhares de artigos e professor de comunicação, pioneiro e referência da música cristã; inúmeras dentre suas mais de duas mil canções (com letras sempre conforme a original doutrina cristã) estão entre as mais cantadas por católicos, evangélicos e outros, ainda que, por vezes, nem sequer saibam ser ele o compositor. Nas décadas de 1960 a 1980 foi considerado o padre cantor mais conhecido do mundo: feitos altamente notáveis, já que jamais se submeteu à mídia convencional, não fez média para agradar e tudo que arrecadou com seus livros, apresentações e discos foi e é destinado a obras sociais. Profundo estudioso e disseminador da história e doutrina da Igreja e das religiões, defensor do ecumenismo, do diálogo inter-religioso e do respeito entre os diferentes. Em 2025 completou 84 anos e há 13 anos, por causa de AVC e outras enfermidades, parou de viajar pelo mundo, reduzindo suas atividades a estudar, compor, escrever e, eventualmente, gravar (raramente com sua voz e somente com pequenas participações).