Etmologia é o “campo de estudo da linguística que trata da história ou origem das palavras e da explicação do significado de palavras através da análise dos elementos que as constituem”.
Symbolon
Símbolo vem do grego, súmbolon ou symbolon e significa "marca" ou "sinal”, "objeto partido ao meio" para servir de sinal de reconhecimento. Deriva de symballo, que significa "unir" ou "juntar", onde o prefixo é syn e quer dizer "junto", "mesmo", e o verbo é ballo, "lançar". A etimologia alude a ideia de um sinal que representa algo mais profundo ou abstrato, unindo ideias e pessoas.
Diábolos
Etmologistas ensinam que diabolus vem do latim e significa “entidade intrigante”, “demônio”. Alguns acreditam que o termo possa ter se originado do grego diábolos, caso em que significaria “acusador” ou “aquele que engana”.
Diábolos, por sua vez, teria origem do termo diaballein, que pode ser traduzido como “atacar falsamente”.
A palavra “diabo” entrou no dicionário da língua portuguesa através da forma em latim, diabolus, como sinônimo de “espírito da mentira” ou “entidade maligna”.
Diabo vem de dia, “por intermédio de”, e bolos, “recusar”, “caluniar”, “lançar”; é o opositor; é agente separador, divisor, que se põe a afastar as pessoas umas das outras.
Povos e suas crenças, em geral e com suas peculiaridades, atribuem ao termo “diabo” a definição do mal e do mau.
Dialogus
Diálogo vem do latim como dialogus, da raiz grega diálogos, formada por dia, “por intermédio de”, e por logos, “palavra”.
Conversa seria sinônimo de diálogo, mas, pode-se distinguir este daquela. Na conversa trocamos palavras sem compromisso, profundidade ou intenção solidária significativa. No diálogo avançamos e trocamos ideias, opiniões, intenções e necessidades com o propósito de chegar a um entendimento e acordo no qual cada um pode eventualmente ceder em parte para que todos ganhem. O diálogo exige o desenvolvimento da cada vez mais rara e cara arte da escuta, então, da empatia, da tolerância e da compreensão; não impõe gostar e concordar com tudo, mas, propõe o respeito.
Diabólicos ou dialogadores?
Nas redes sociais virtuais e reais esforço-me para ser cada vez menos diabólico e cada vez mais dialogador. E você?
Muita gente mais inteligente e capacitada do que eu segue na mesma empreitada. Entretanto, a impressão ou constatação é a de que gente assim é cada vez mais minoria ou até exceção. Será?
Estou falando de fé, religião e espiritualidade? Não; ou não somente. Entretanto, os que se dizem crentes no transcendente, que oram ou rezam e falam com Deus, deles se espera ser marca, sinal d’Ele no meio das demais pessoas; habitualmente agindo para juntar, unir e, ainda que se possa falar de abstração da fé, concretamente ser agentes a promover união entre ideias e pessoas. Ou estou errado?
Então, por que tanta gente que diz e parece acreditar em Deus, por mais que disfarce e negue, facilmente, geralmente, apresenta comportamento enganador, acusador, separador, divisor, caluniador e mentiroso? E quantos gostam de julgar e condenar os ateus e agnósticos... Que lhe parece?
Estou falando de caráter, temperamento e personalidade!
Com exceções, todos nós somos capazes de nos corrigir e melhorar. Conforme nos autoavaliemos, concluamos com mais acertos que erros, decidamos e esforcemos.
Tudo parte de algo tão claro quanto delicado, complexo e polêmico: o caráter que realmente a gente possui, acompanhado do temperamento e personalidade.
Em havendo retidão e equilíbrio, e num processo de formação correspondente, convergente e permanente, nossas percepções e opções políticas, religiosas, e as demais, não nos impedirão de conviver civilizadamente com as diferenças, os divergentes e os indiferentes, mesmo que, quanta vez, com algum ou muito desgaste, desgosto e decepção.
Quando escrevi que ‘Estadistas têm projetos de governo e não de poder; agem pelo bem de todos e não pelo bem de si e de seus pares; pensam nas próximas gerações e não nas próximas eleições.
A democracia, a república e as instituições nunca foram tão atacadas e usadas por populistas, demagogos, carreiristas e oportunistas. Tiranos, ditadores e seus pares estão por todo lugar, grandemente, em nome de Deus. Vide o Brasil e o mundo agora.
Com a esperança de quem é compromissado e age e não apenas espera passivamente, que, com a nossa ajuda, dos bons políticos/estadistas, outros líderes e agentes, e de toda pessoa de real boa vontade, o Brasil, que já foi chamado de terceiro mundo e agora é dito em desenvolvimento ou emergente, um dia deixe de ser o país do futuro que nunca chega, e seja, finalmente, desenvolvido!' Recebi alguns devolutivos (feedbacks):
Em geral, elogiosos e concordantes. Porém, previsivelmente, instituições e personagens da vida pública nacional e internacional oscilam entre ser, para uns, diábolos (populistas, demagogos, carreiristas e oportunistas); e para outros, symbolon e dialogadores (bons políticos/estadistas, outros líderes e agentes, e de toda pessoa de real boa vontade). Por que e como acontece essa total inversão?
O mesmo tratamento costumeiramente é dado a qualquer pessoa da qual não se gosta, com a qual não se concorda, mesmo sem a conhecer direito e a seus motivos e propósitos, à qual se inveja (o sentimento que ninguém admite...) etc: seriam diábolos.
Ante os fatos terríveis que abundam aqui e no mundo, claro que existem muitos diábolos que, incorrigíveis no seu mau caráter, impõem que a Justiça lhes destine o que seja de merecimento: e que utopia esperar que a Justiça seja sempre efetiva e justa e não seletiva…
E, pelo que se vê aqui e no mundo, como a alternativa será ou seria a barbárie, cabe a cada um de nós o esforço para melhorar aos poucos, sendo e agindo como symbolon e dialogador.
Isto seria ingenuidade, omissão, obtusidade, comodismo ou covardia? Ou é viável e única opção?
José Carlos de Oliveira