Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os servos foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?' (Mt 13,26-28)
Jesus havia predito isto. Releia Mt 7,15-29 e 24, 24-28. Jesus orou pela união dos seus discípulos, mas ele sabia do grau de maldade que pode haver em pessoas com outros interesses que não o da fé.
Jesus tentou converter Judas dizendo que sabia dos seus planos, mas Judas não se converteu. A maldade tinha tomado conta de Judas.
Acontece o mesmo com maridos que matam esposas, assaltantes que matam gente inocente nas ruas, sequestradores, políticos corruptos, religiosos mentirosos e catadores de dinheiro, abortistas, escritores de novelas apimentadas, repórteres que ridicularizam a doutrina do casamento monogâmico e até pregadores que jogam um grupo cristão contra o outro!
A seara era para ser de trigo com espigas plenas de frutos que se transformariam em pão! Mas os semeadores de joio semearam o vazio, porque espigas de joio são vazias e não têm conteúdo.
Infelizmente há milhares de pessoas assim: sem nenhum conteúdo. Porém e infelizmente, são seguidas e até idolatradas. São livros em branco, mas com capas vistosas.
O mesmo acontece com pregadores da fé. Não estudaram, não se aprofundaram e faz 30 a 40 anos que repetem as mesmas 30 frases que decoraram. Não leem nada. Vivem de repetir o que, um dia, viram ou ouviram.
Mas não conseguem remar para as águas mais profundas da fé! Insistem em servir sopa rala, quando a mesa está cheia de pratos suculentos que, de fato, alimentariam os convivas.
No meio do povo alguém percebe se o pregador estudou, se tem cultura e testemunho, ou se vive de mesmice. O joio moderno entrou nele via internet. Há pouquíssima profundidade nas redes sociais. E se, e quando há, poucos seguem estas páginas.
Para a maioria faltam as quatro dimensões da fé em Cristo, da qual Paulo falou em Efésios 3,12-21. Aquilo sim que era catequese de aprofundamento!…
É ortodoxia ou heresia? Cristianismo ou igrejismo?
Ouvi um pregador a dizer que quem não foi batizado, nem pertenceu a nenhuma igreja, não será salvo porque não pertenceu a Deus.
Não sei em que igreja, ou catecismo ou teologia ele estudou. Quem decide salvar é Deus.
E se o sujeito viveu fazendo caridade? Nunca entrará no céu porque não frequentou nenhuma igreja?
O que fazer com os versículos 31-46 do capítulo 25 de Mateus? Jogar no lixo? Jesus diz que ele salvará quem praticar o amor e a caridade!
É aí que está a diferença entre Cristianismo e igrejismo.
Jesus, em Mt 7,15-28 e Mt 24, 23-28, desmente este pregador.
Jesus tem meios de nos salvar. O ladrão que foi morto ao lado dele também não era bonzinho. Mas se arrependeu. O outro não!
Então, quem perdoa é Deus e não o pregador num palco e munido de TV e microfone.
Nós, pregadores, motivamos as pessoas a crer, mas não temos o poder de julgar e condenar quem não frequentou nossos templos!…
Não percebem que estão competindo com Deus!
Fundadores de igrejas, pregadores, compositores, cantores religiosos de todas as igrejas não percebem, mas estão competindo com Deus quando disputam adeptos, seguidores, lugares e sucessos nas suas igrejas ou na midia.
Nem sempre percebem, mas é tudo tão evidente!
Se foi Deus que inspirou determinada canção ou determinada pregação ou livro, os competidores podem espernear e usar do marketing que quiserem. Mas é Deus quem quis ou quer.
Na verdade só vai durar o que foi vontade de Deus. Todo o resto será efêmero! Não vai durar! Coisas do mundo fazem barulho, mas murcham em pouco tempo. Vale para igrejas, marketing e movimentos e até devoções!
Vale o conselho do rabino mestre de Paulo. Se for de Deus vai prosseguir, se não for, vai passar!
Assim com tudo: movimentos, igrejas, ideias, carismas e inspirações. Vai durar o que Deus quiser que dure. Vai passar tudo o que foi criado para competir.
Igreja e carisma que competem um contra o outro, ou igreja contra a outra igreja têm prazo fixo. Vão durar três, dez ou até quarenta anos, mas irão perder fôlego. Ficará o que Deus quer que fique!
Não há marketing que sobreviva quando foi Deus quem quis aquela mística ou inspiração.
A graça de Deus, por ser vontade de Deus, costuma durar decênios ou séculos. Mas, se forem púlpitos ou microfones em competição, já começam carunchando. Os seguidores migram de púlpito para púlpito e vivem de quem oferece mais sensação e promessas de curas e prodígios.
Não apostem muito no marketing da fé! Não vai durar.
Releiam a História da Igreja e a história dos carismas… Lembram-se dos Beneditinos, Franciscanos, Clarissas, Dominicanos, Jesuítas, Cartuxos, centenas de ordens e congregações? Duraram séculos!
Tiveram tempo para amadurecer de comunidade em comunidade, de concílio a concílio, de capítulo a capítulo, de sínodo a sínodo, de sucessor a sucessor, de renovação a renovação.
As novas igrejas do século XX que floresceram estrondosamente, duraram cerca de 30 a 40 anos. Arrecadaram estrondosamente. Criaram catedrais de vidro. Chegaram a pregar para milhões de olhos e ouvidos pelo tubo milagroso chamado TV. Pouquíssimos evangelizadores sobreviveram mais de 4 décadas.
Quase sempre não permitiam eleições. Tudo passa(va) pelas famílias dos fundadores que ajunta(vam) fortunas. O reino de Deus se estreitou demais. Perderam fôlego!
Em compensação, os verdadeiros apóstolos e discípulos de Jesus se espalharam pelo mundo sem nada ter, sem nenhuma pretensão de vencer e abarcar o reino, sem ceder a ideologias, e dialogaram com os outros. Era obra de Deus. Nem sabiam o que era o marketing da fé… Duraram porque sabiam que passariam e apostaram nos outros irmãos de fé e nunca em seus próprios recursos!
Pe. Zezinho SCJ (José Fernandes de Oliveira) - https://www.facebook.com/padrezezinhoscj
Escritor de mais de 300 livros, milhares de artigos e professor de comunicação, pioneiro e referência da música cristã; inúmeras dentre suas mais de duas mil canções (com letras sempre conforme a original doutrina cristã) estão entre as mais cantadas por católicos, evangélicos e outros, ainda que, geralmente, nem sequer saibam ser ele o compositor; foi considerado o padre cantor mais conhecido do mundo: feitos altamente notáveis, já que jamais se submeteu à mídia convencional, não fez e não faz média para agradar e tudo que arrecadou com seus livros, apresentações e discos foi e é destinado a obras sociais. Profundo estudioso e disseminador da história e doutrina da Igreja e das religiões, defensor do ecumenismo, do diálogo inter-religioso e do respeito entre os diferentes.