Nunca vi um anjo, nunca vi Jesus, nunca vi a mãe dele, nenhum santo me apareceu nestes meus 82 anos de vida. Consigo ter fé, mesmo sem ver!
O que creio está na Bíblia que li e anotei, toda ela várias vezes; nos livros-base da nossa Igreja; e também está na liturgia que todos os dias nossa Igreja rememora.
Além disso, fui estudando, conteúdo sobre conteúdo, por mais de 60 anos. O último livro que estou lendo tem 1.440 páginas. Como agora tenho mais tempo devido à saúde que demanda cuidados, posso estudar mais a nossa fé católica e as outras religiões.
E sou bastante prudente para não confundir piedosos desejos com fé, curas, milagres e revelações. É possível crer usando mais a razão do que o sentimento!
Neste sentido, as leituras de psicologia e psiquiatria e de História da Igreja me ajudam a depurar e purificar minha fé, distinguindo o “misterioso” do “espetacular”.
Os religiosos sempre usaram o espetáculo e sempre enganaram quem foi buscar os fogos de artifício da fé. Pintaram anjos de batom, ruge, espadas flamejantes, sandálias e trajes de soldados romanos e não explicaram que aquilo era só imaginação. Anjos de verdade ninguém sabe como são! Mas existem! Mas certamente não são soldados romanos ou gregos.
Jesus não fazia curas e milagres de qualquer jeito. Não fez quando pediam sinais e fez quando não pediam. Não havia espetáculo em Jesus. Ele agiu do jeito certo e para as pessoas certas e na hora certa!
Se fosse hoje não usaria a mídia, a TV e o rádio do jeito como alguns pregadores usam. Ele não usaria a religião como espetáculo circense ou televisivo .
Seus sinais tinham endereço certo e sua missão não era brilhar em palcos e estrados diante holofotes. Jesus não era artista, nem demagogo, nem gritalhão, nem do tipo “olhem o que eu sou capaz de fazer“.
Desafiou quem o desafiava, e agiu quando era a hora de agir. O comando era dele o tempo todo. E, quando sentiu que era chegada a sua hora, enfrentou tudo com coragem, sem dramas. O drama veio por conta dos torturadores.
Jesus morreu com dores, mas morreu em paz. Se creio neste Jesus? Neste pregador eu creio.
Nos outros que manipulam câmeras, microfones e a emoção do povo? Não creio! Tenho sérias dúvidas sobre o que realmente eles visam!
Políticos e religiosos que manipulam as emoções do povo são mais ateus do que crentes. Para a maioria deles, o povo é apenas plateia. Eles não creem no que pregam, mas continuam porque aquilo traz resultado! Precisam de plateia!
Eu disse uma vez em aula , e repito: um pregador deveria ter na sua mochila:
1 - uma BÍBLIA,
2 - um grosso e substancioso livro de História das Religiões,
3 - um grosso compêndio de psicologia e outro de psiquiatria…
E, talvez, outros mais na mesma mochila para parar de brincar com as emoções do povo!
Sentir Jesus ainda não é crer nele!… Fé é mais do que sentimento!
Pe. Zezinho SCJ (José Fernandes de Oliveira)
https://www.facebook.com/padrezezinhoscj
Escritor e professor de comunicação, pioneiro e referência da música cristã; inúmeras dentre suas cerca de duas mil canções (com letras sempre conforme a original doutrina cristã) estão entre as mais cantadas por católicos, evangélicos e outros, ainda que, muitas vezes, nem sequer saibam ser ele o compositor; foi considerado o padre cantor mais conhecido do mundo: feitos altamente notáveis, já que jamais se submeteu à mídia convencional, não fez e não faz média para agradar e tudo que arrecadou com seus livros, apresentações e discos foi e é destinado a obras sociais. Profundo estudioso e disseminador da história e doutrina da Igreja e das religiões, defensor do ecumenismo, do diálogo inter-religioso e do respeito entre os diferentes.