Com alguma frequência, pessoas que me conhecem melhor cobram que divulgue mais o que faço.
Em mais de trinta e cinco anos de voluntariado ininterrupto, o sigilo, a discrição e o anonimato são, em dadas situações ou serviços, ideais (quando se é voluntário interessado e interessante - o oposto de quando se é voluntário interesseiro). Porém, em outras situações e serviços, a divulgação é fundamental (este InFormativo PLENA, a web Rádio Plena, o Movimento Fé e Cidadania, a AECAJ - Associação Empresarial do Cajuru - e o Projeto Sol Cidadão, por exemplo) para que mais pessoas conheçam e participem - como parceiras ou beneficiárias.
Não costumo fotografar, filmar e divulgar as atividades voluntárias e sem fins lucrativos que, geralmente, não precisam e não convém alardear. E costumo errar por quase não alardear as atividades que precisam de divulgação.
Na foto, uma situação que pode caber no primeiro e no segundo grupo de atividades. Dia 12 deste mês, na Comunidade Bethania, no bosque anexo ao Zoológico de Curitiba, num encontro de espiritualidade e formação para coordenadore(a)s da Pastoral da Criança de diversas paróquias e cidades, fui convidado, por pessoas que conhecem minha formação, funções pela Arquidiocese de Curitiba e serviços, a conduzir a atividade durante a manhã, a partir do tema "Fraternidade e Fome" e do lema "Dai-lhes vós mesmos de comer" - Campanha da Fraternidade 2023.
Inviável expor aqui o que ocupou uma manhã; seguem algumas provocações fraternas, que parecem tolices, e não são!
Se eu tenho sobrepeso, não sendo uma falha fisiológica a curar, então, sou guloso e o que me sobra dentro da barriga é o que falta dentro da barriga de milhões de pessoas.
Se eu deixo restos de comida no prato no qual me alimento, até nos salões das igrejas, então, a soma do que eu e a maioria das pessoas sem maiores dificuldades para suas refeições diárias desperdiçamos sem o menor constrangimento seria suficiente para a redução enorme da fome no país e no mundo.
Se eu 'varro' a minha calçada com água, mais que desperdiçador, sou um criminoso. Se digo que gasto o quanto quiser porque é público ou privado e nos dois casos pago meus impostos (supondo não ser outro sonegador), do que mereço ser chamado a boa educação não me permite escrever aqui. O mesmo quanto à água para beber, ao banho, à escovação de dentes, descarga do vaso sanitário etc.
Se eu não vivo me disciplinando para produzir cada vez menos lixo e para o separar e reciclar cada vez mais, passou da hora de ter vergonha de ser uma pessoa do século XXI a se achar moderna, atual e blá, blá, blá...
Se eu não vivo me esforçando para reduzir ao máximo o desperdício de alimentos na produção, colheita, armazenamento, transporte, fogão, forno, mesa e geladeira, então, não sou fraterno ou deveria sê-lo bem mais, e sou co-responsável pela fome que subnutre e mata pessoas diariamente!
Por essas e outras ponderações, aprofundadas numa espiritualidade e formação adequadas conforme dotadas do devido embasamento, mais que me elogiarem ao final, os participantes se questionaram e se instigaram a agir, a mudar e a evoluir - todos que tentarem algum proveito terão. Alguns outros, inevitavelmente, devem ter se limitado e me criticar e farão nada além disso...
Se você gostou do que leu, não me elogie: também preciso melhorar muito. Se não gostou do que leu, não se limite a me criticar e a fazer nada...
Quanto mais trocarmos ou melhorarmos hábitos como estes e outros, mais fraternos seremos e mais bem faremos para algumas pessoas; e para nós mesmos!
José Carlos de Oliveira