Uma coisa é pregar de maneira radical e outra coisa é viver de maneira radical.
A maioria dos pregadores radicais não vive a radicalidade que prega. Poucos são como São João Batista, ou Amós, ou Oséias.
O discurso é o de quem impõe sua radicalidade nos outros, mas eles mesmos gostam de um bom vinho, uma boa picanha e um bom restaurante!
Jesus falou disso ao alertar os ouvintes sobre certos fariseus. Impunham pesados fardos nos outros, mas eles mesmos não os carregavam ( Mt 23,4).
Os pseudo-radicais gostam de chamar os outros de “mornos”, esquecidos que em toda a Bíblia só uma vez esta palavra foi usada (Ap 3,16)! A palavra chicote (azorrague) também só aparece um só vez!
No resto, Jesus e os apóstolos mediam as situações e usavam mais de caridade e compaixão do que de severidade e ameaças. Mas os radicais só falam dos “Ais” de Jesus (Mt 23,13) e do chicote no Templo (Jo 3,15). Gostam destas passagens e ignoram as passagens de perdão e compaixão!
Seu temperamento belicoso leva alguns pregadores a esbravejar aos gritos contra o pecado e o pecador. Parecem trovões seguidos de raios que assustam, mas não chovem…
São tempestuosos no altar, no púlpito e no palco, porque acham que assustam o povo, mas na hora do vamos ver, gostam do bom e do melhor para si (Mt 23,6).
Vejam onde eles moram, que casas e carros eles têm e que contas têm nos bancos. De João Batista, Amos e Oséias sobra pouco. Jesus chamou os dois irmãos tonitruantes de “boanerges”, “filhos do trovão“, ou seja, radicais inconsequentes (Mc 3,17).
Pensavam que tinham poder para fazer cair fogo sobre uma cidade impenitente (Lc 9,54). Jesus mostrou quão ridículos eles eram. O poder de subir a um púlpito não dá a nenhum pregador o direito de radicalizar, a menos que esteja disposto a morrer pelo que prega.
Não é o caso dos políticos e pregadores radicais. A aparência, as vestes e o discurso ficam fora do púlpito ou da tribuna.
Jeremias 14, 13-17 descreve esse tipo de pregador. Usa Deus para suas bravatas, esbraveja e olha irado para algum público ou câmera, mas é mero teatro.
João Batista vivia frugalmente de mel silvestre e gafanhotos (Mt 3,4). Jesus era moderado. Não tinha conforto. Vivia como pobre. Não é o caso desses pregadores.
Alguém dirá que os mestres de comunicação também vivem no conforto. Talvez , mas é bom ver que doenças eles carregam, o que eles comem, onde moram e para onde vai o dinheiro que cai na sua conta!
Deus sabe quem vive do bom e do melhor, quem tenta ser coerente e quem mais esbraveja no púlpito!
A era atual exige compaixão e misericórdia e menos teatro, gritaria e ameaças ! …
Pe. Zezinho SCJ
(José Fernandes de Oliveira)
padrezezinho.com.br - facebook.com/padrezezinhoscj
Professor de comunicação, escritor e compositor