Durante muito tempo, a palavra “networking” foi associada a uma prática fria e estratégica — aquela troca automática de cartões de visita em eventos onde o verdadeiro objetivo era vender algo. Era quase uma obrigação profissional, muitas vezes esvaziada de significado real. Porém, algo mudou. E mudou profundamente.
Após um período afastada do mercado por motivos pessoais, retornei num contexto que, para muitos, ainda era de reconstrução: o pós-pandemia. Como sempre acreditei no poder das conexões, uma das primeiras coisas que fiz foi buscar ambientes de networking. Mas o que encontrei foi algo diferente. E melhor.
As pessoas estavam diferentes. Havia uma sede real por troca, por conversa, por escuta. Os encontros que antes pareciam mecânicos agora tinham calor humano. Vi profissionais abrindo o coração, contando suas histórias, compartilhando aprendizados e até vulnerabilidades. Aquelas reuniões, antes marcadas por pitches ensaiados, agora tinham cheiro de café e som de risadas sinceras.
Estamos vivendo uma nova era do networking — e ela exige que a gente se reconecte com a essência do que é criar laços. O tempo em que “quanto mais cartões, melhor” está ficando para trás. Hoje, o valor está em qualidade, não em quantidade. Em ouvir com atenção, e não em distribuir discursos prontos. Em oferecer antes de pedir. Em se mostrar como ser humano antes de mostrar o portfólio.
E aqui está um conselho que repito sempre: se você vai a um encontro de networking e consegue se conectar genuinamente com apenas uma pessoa, já valeu a pena. Já é sucesso. O esforço de se arrumar, sair de casa, investir tempo e energia… tudo isso se paga quando há uma conexão real. Porque conexões reais geram confiança — e a confiança é a moeda mais poderosa no mundo dos negócios.
Essa transformação do comportamento não é só bonita — é necessária. Em um mundo onde estamos hiperconectados digitalmente, o que falta é o olho no olho, o “como você está de verdade?”, o interesse legítimo. E quem souber navegar esse novo jeito de se relacionar, com autenticidade e propósito, vai colher frutos muito mais ricos.
Networking, hoje, é sobre pessoas. Não sobre produtos.
Profa. Débora Martins – Jornalista, mentora da PUC Angels e host do podcast Escola de Negócios. Especialista em Marketing, Vendas e Motivação, ministra palestras e cursos inspiradores e disruptivos para profissionais e empresas que buscam crescimento e inovação. https://www.instagram.com/profdeboramartins
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