O lado comportamental é o mais sensível para o exercício da liderança, e quando o líder não se relaciona bem, acaba por desmotivar todos.
Vejo grandes discussões e pesquisas sobre como motivar e energizar os colaboradores que integram as equipes. Nos últimos anos, tivemos grandes avanços sobre teorias e técnicas neste campo, mas, ainda assim, há mais certezas sobre como desmotivar os colaboradores.
Várias são as atitudes tomadas pelo chefe (sim, o chefe, e não o líder) que desmotivam as pessoas:
– ser centralizador;
– não ter transparência;
– falta de ética;
– não dar o suporte necessário para o desenvolvimento do time;
– não proporcionar novos desafios;
– instabilidade de humor (o que inclui gritar com as pessoas);
– não cumprir promessas;
– não dar oportunidades de carreira;
– mentir ou falar mal dos outros;
– ser prepotente;
– dificuldade em ouvir as pessoas;
– não acompanhar o trabalho da equipe;
– não reconhecer seus colaboradores;
– ser preconceituoso; etc.
Tenha muito cuidado para não incorrer nestas posturas equivocadas e procure ter empatia para colocar-se no lugar das pessoas e tratá-las de forma única e respeitosa.
Lembre-se de todos os chefes que você já teve em toda sua trajetória e se faça a seguinte pergunta: o que eles fizeram para desmotivar as pessoas? Algumas de suas respostas poderão ser as mesmas das citadas acima e você ainda será capaz de complementar a lista. Pense bem em cada resposta e veja se você está ou não fazendo o mesmo de forma inconsciente.
A motivação dos funcionários é um ponto muito discutido entre os líderes de Recursos Humanos e ainda não se tem um consenso sobre este assunto. Talvez ele seja mesmo inalcançável, já que as pessoas são diferentes e cada uma pode estar em um momento da carreira bem distinto dos demais profissionais do seu mesmo nível hierárquico, necessitando de coisas diferentes para se sentirem motivadas.
Como dito anteriormente, o lado comportamental é o mais sensível para o exercício da liderança e, quando o líder não se relaciona bem com sua equipe, pares e superiores, acaba por desmotivar todos ao seu lado, independentemente do nível hierárquico.
Realizei duas pesquisas sobre este tema e as causas mais frequentes de desmotivação dos funcionários, no que se refere ao relacionamento com seus líderes, são as seguintes (por ordem de recorrência):
– não ser confiável;
– ser individualista;
– ter postura inflexível;
– não saber inspirar;
– não saber escutar;
– ser parcial com alguns funcionários da equipe;
– incoerência no processo decisório;
– não ser transparente;
– não dar feedback ou não saber como fazê-lo;
– dar péssimos exemplos e não ser um modelo para o time;
– não desenvolver a equipe;
– falta de sensibilidade com as pessoas;
– ser centralizador;
– demonstrar instabilidade emocional;
– ter baixo nível de conhecimento na área;
– gritar com os colaboradores ou pares;
– prometer e não cumprir;
– criticar tudo de maneira rotineira;
– falar mal das pessoas e mentir;
– ser prepotente;
– ter preconceitos;
– achar que somente a opinião do chefe (a dele, no caso) é a verdadeira;
cercear oportunidades;
– não aceitar sugestões e ser resistente a inovações.
Faça novamente uma reflexão e veja se alguns dos pontos acima já não aconteceram nos seus relacionamentos profissionais e como isso desmotivou a todos. Lembre-se de que alguém pode ser um bom profissional, fazer todas as suas atividades, mas isso não quer dizer que esteja motivado.
Um ponto que vale a pena pensar é se você não está, mesmo sem querer, incorrendo em uma das práticas acima mencionadas, indo ao encontro de uma velha forma de relacionamento que você também não aceita consigo próprio.
Muitas vezes, a pressão no trabalho, a falta de tempo e de conhecimentos específicos, a pouca experiência em liderança ou a incapacidade de colocar as pessoas em primeiro lugar podem conduzir às práticas acima, mesmo que de maneira inconsciente.
Fazer uma autoavaliação é sempre importante, pois você poderá reexaminar seus comportamentos e, com isso, mudar para melhor. Conversar com líderes mais experientes e pedir conselhos também pode ser muito útil, a fim de ajudá-lo a ter uma equipe mais desenvolvida e comprometida.
Armando Lourenzo
Doutor e Mestre em Administração pela FEA USP. Pós Doutorando em Administração pela FEA/USP. Pós Graduado em Filosofia pela PUC. Diretor da Ernst & Young University. Presidente do Instituto Ernst & Young. Professor da FIA, USP (PECEGE) e Casa do Saber. Colunista da revista Você SA (versão digital). Palestrante. Autor de artigos e livros na área de negócios. Palestrante em eventos nacionais e internacionais. Premiado como um dos três melhores Learning Leader of the year nos EYU em 2016, 2017 e 2018.
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