Alcançar altos níveis de produtividade não é uma tarefa simples.
Do contrário, todo país alcançaria níveis adequados às suas necessidades e não teria retrocesso em seu desenvolvimento; em igual medida, toda empresa teria constantemente níveis desejáveis de produtividade para atender às necessidades do mercado.
Para termos a dimensão do desafio, de acordo com o Conference Board, a produtividade do trabalhador brasileiro é cerca de um quarto (25,6%) da produtividade de um trabalhador norte-americano.
Outro dado preocupante: segundo a OCDE, apenas 11% dos jovens de 15 a 19 anos cursam ensino profissional no Brasil, enquanto em outros países da organização a procura é muito mais elevada.
Informação divulgada recentemente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) é de que a produtividade no Brasil caiu 4,5% no ano 2022.
O que essas informações revelam? Uma variável importante a ser considerada é de que a pouca produtividade no Brasil tem forte relação com a qualificação profissional dos brasileiros, sobretudo na sua dificuldade de preparar às pessoas para o mercado de trabalho.
De acordo com Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), “o Brasil precisa pensar em uma modernização com foco em treinamento para o mercado de trabalho”.
A educação profissionalizante é uma saída relevante, desde que esteja conectada com os desafios da atualidade.
Há uma exigência cada vez maior de inovação e crescimento sustentável. Isso envolve, dentre outros fatores, a análise e a reestruturação de processos, a promoção de uma cultura organizacional saudável e prontidão para mudanças.
Uma força de trabalho cuja formação é orientada para a produtividade e ao desenvolvimento contínuo é mais capaz de adotar práticas condizentes com as necessidades do negócio e de se adaptar a mudanças organizacionais.
Um ambiente organizacional que promove o desenvolvimento contínuo e a aprendizagem formal e informal, incentiva os colaboradores a serem mais produtivos e inovadores.
Espero ter conseguido demonstrar que a produtividade é fundamental para o crescimento sustentável do país e das empresas. No entanto, há um caminho anterior e decisivo a ser percorrido: fazer da qualificação profissional e da aprendizagem contínua uma cultura nas escolas e nas empresas.
Armando Lourenzo
Doutor e Mestre em Administração pela FEA USP. Pós-Graduado em Filosofia pela PUC. Pesquisador Colaborador da USP. Sócio Líder de Consultoria da Lourenzo Gestão e Estratégia. Presidente do Conselho Consultivo da Lourenzo Gestão e Estratégia do Instituto da EY. Professor da FIA, Hospital Albert Einstein, USP (PECEGE) e Casa do Saber. Colunista do Portal Administradores. Autor de artigos e livros na área de negócios. Palestrante em eventos nacionais e internacionais. Premiado como um dos três melhores Learning Leader of the year nos EYU em 2016, 2017 e 2018.