Um homem erudito, que tinha conhecimento em vários assuntos, embarcou em um navio para uma longa e perigosa viagem. Um dia, querendo mostrar a sua cultura, ele perguntou a um dos marinheiros:
— Amigo, você já estudou filosofia?
E ele respondeu:
— Não, meu senhor. Sou só um simples marinheiro. Nada sei de filosofia, apenas sei fazer este navio navegar.
O erudito balançou a cabeça e falou com desdém:
— Pobre homem! Desperdiçou metade de sua vida.
No dia seguinte, o erudito perguntou novamente:
— Meu bom homem, você estudou geometria?
E o marinheiro respondeu:
— Não, meu senhor, sou só um simples marinheiro. Só sei içar as velas e conduzir o navio.
O erudito balançou novamente a cabeça e falou com desdém:
— Pobre homem! Desperdiçou metade de sua vida.
Todos os dias, ele perguntava ao marinheiro sobre ciências e conhecimentos. E a resposta era sempre a mesma:
— Não, senhor, sou só um simples marinheiro.
E o erudito sempre balançava a cabeça com ar de reprovação e dizia com desdém:
— Pobre homem! Desperdiçou metade de sua vida.
Uma noite, caiu uma grande tempestade. O erudito ficou apavorado. As ondas batiam com violência. A situação estava terrível. O casco da embarcação estava rachando. E o marinheiro perguntou ao erudito:
— O senhor estudou nadologia?
O erudito balançou a cabeça negativamente e o marinheiro falou:
— Pobre homem. O senhor desperdiçou toda a sua vida. O navio está afundando...
Conto budista adaptado por Augusto Pessôa