Amigos da Rádio Plena e do InFormativo Plena, chegamos à metade do ano de 2023, e o tempo, como sabemos, não para e não espera. Assim, refletimos sobre a causalidade do que estamos vendo acontecer ou do que estamos provocando na nossa vida e na vida das pessoas que nos cercam.
Há muito tempo fomos acostumados a aceitar uma visão de mundo onde alguém vai resolver as nossas demandas. Não estou falando de religião, apesar da religião, seja ela qual for, sempre ter a tendência a mostrar uma solução externa às nossas atitudes pessoais; algumas com mais virtudes, outras com menos, no entanto, a religião deveria ser o impulso e o complemento final, e não apenas um meio de resolver problemas que nós mesmos criamos.
O que vemos são pessoas se relacionando na esperança de que outra cure suas mazelas ou organize seus pensamentos. Vemos pessoas que entram nas mais diversas igrejas na esperança de resolver problemas financeiros, e sequer arriscam praticar o bom e velho princípio da economia da humildade, onde menos é sempre mais do que eu mereço, e acabam direcionando suas intenções (ou seria melhor dizer segundas intenções?) para uma vida que não lhes pertence, ostensiva no material e medíocre no espiritual. Exatamente como sempre agiu a grande burguesia acusada sempre de ser a fomentadora da tal luta de classes, que nem mesmo o filósofo francês Sartre, que afirmava por aí que o “inferno são os outros”, conseguiu provar ser verdadeira.
Aliás, a luta de classes é uma das desculpas mais esfarrapadas para alguém abdicar da sua responsabilidade, e colocar em alguém a culpa das mazelas do mundo, é claro, não sem antes cobrar uma bolsa família, um auxílio qualquer, um favor de assessor, ou seja, tudo que mostra o quanto é barata a alma de quem age por esses princípios, acreditando que está vivendo por uma tal coletividade que só empanturra os que estão no topo destas ideologias perversas.
Lamentavelmente, adultos que não conseguem resolver seus problemas estão em todos os lugares; a todo momento somos surpreendidos com alguém achando que, simplesmente, devemos resolver determinado problema que foi criado por terceiros.
Resta saber até quando vai a paciência de quem se julga capaz de caminhar com as próprias ideias e as próprias pernas, afinal, quando um desses ressentidos e folgados é deixado para trás, uma onda de indignação vai acusá-los de “abandono de incapaz”.
Assim, vai se perpetuando o ciclo vicioso sustentado pela justiça da República, que, mesmo cega e com a sua saia justa, mostra que, de segundas intenções, o inferno está cheio.
Allan Luis Pereira (Allan Jones)
Tecnólogo em Marketing, especialista em Comunicação Social, Assessoria de Imprensa e Novas Tecnologias. Especialista em Semiótica e Análise do Discurso. Autor do livro independente Contos das Encruzilhadas, da série de e-books de microcontos de terror Um Grito Na Noite. Apresenta na Rádio Plena o programa Segundas Intenções (radioplena.com.br - segunda-feira, 8 h; reprise 20h).