A OpenAI acaba de anunciar o Sora 2, seu novo modelo de geração de vídeos. Ele não é apenas mais um passo técnico, é um ponto de virada. Pela primeira vez, qualquer pessoa pode criar um vídeo tão facilmente quanto escrever uma mensagem de texto.
A precisão física, a continuidade narrativa e até o áudio sincronizado fazem do Sora 2 mais do que uma ferramenta criativa. Ele é um simulador de mundos. Uma tecnologia que nos coloca diante da possibilidade de fabricar realidades em escala – o que abre caminhos para experiências excitantes, e agora plausíveis.
Por exemplo, hoje a Netflix recomenda filmes já existentes com base em algoritmos. Amanhã, poderá produzir um filme exclusivo para você, costurado a partir de suas preferências, histórico e estado emocional.
O catálogo finito dá lugar a histórias infinitas. Você poderá ser o protagonista, contracenar com seus ídolos ou viver em universos alternativos que jamais foram filmados.
O impacto vai muito além do entretenimento:
Cinema e TV: redução brutal de custos e uma revolução no modelo de Hollywood.
Publicidade: campanhas sob medida, com atores virtuais que possuem o carisma e a estética precisa que a marca deseja.
Educação: treinamentos e aulas transformados em simulações realistas, personalizadas para cada aluno.
Redes sociais: em vez de posts de texto ou imagem, pessoas se relacionando em universos altamente personalizados.
O resultado? Uma economia criativa que pode se tornar, pela primeira vez, verdadeiramente infinita.
A ferida que ninguém quer tocar
Mas existe um detalhe pouco popular: o custo energético.
Gerar um clipe de segundos em alta definição já exige mais eletricidade do que manter um micro-ondas ligado por mais de uma hora. Agora imagine se cada pessoa assistir um episódio de uma hora de uma série feita sob medida, de acordo com sua preferência, toda semana.
Quanto isso custaria por pessoa? Fiz uma conta por alto e cheguei numa razão que passa facilmente de R$ 20 mil por ano. Isso está bem acima do valor da minha assinatura do Netflix.
Ou seja, o futuro excitante dos vídeos personalizados em massa esbarra em um limite físico: a oferta de energia.
Os trade-offs econômicos
A corrida por “criatividade infinita” significa novos choques econômicos:
Infraestrutura valorizada: semicondutores, data centers, transmissão elétrica, sistemas de refrigeração e fontes renováveis.
Pressão regulatória e ESG: o carbono embutido em cada minuto de entretenimento precisará ser justificado.
Assimetrias globais: países com energia abundante podem se tornar hubs criativos, enquanto outros ficam à margem.
No limite, a economia da atenção passa a ser também a economia da energia.
O futuro escrito em watts
O Sora 2 inaugura um novo capítulo. Não se trata apenas da forma como consumimos filmes, anúncios ou aulas.
O que está em jogo é a capacidade da humanidade de sustentar um universo digital tão vasto quanto a imaginação. Um universo cuja moeda básica não é mais dinheiro, mas energia.
E, diante disso, talvez o título não seja apenas provocativo. Se quisermos viver em um mundo de narrativas infinitas e personalizadas, não haverá outra saída: precisaremos de energia infinita.
Diogo França é Diretor da XP Educação, onde lidera as áreas de Estratégia, Tecnologia e Growth. Com trajetória marcada pela construção de produtos e por transformações de grandes empresas, combina visão de negócios com domínio técnico. Economista de formação, tem se dedicado à integração da IA na educação, criando soluções que preparam profissionais para os desafios do futuro. Sua liderança está focada em posicionar a XP Educação como referência em transformação digital no setor educacional. https://www.linkedin.com/in/francadiogo - https://www.xpeducacao.com.br/podcast-acelerai