Inspirado pelo artigo “A Empregabilidade Jovem no Futuro Competitivo: Um Chamado à Proatividade e Comprometimento”, este texto reflete sobre a responsabilidade individual na construção de uma carreira. O debate sobre o compromisso dos jovens é recorrente entre empresários, gestores e educadores, mas a questão central é: será que estamos realmente diante de uma geração apática ou apenas observando uma nova dinâmica de relação com o trabalho? É preciso olhar para dentro de casa e para as escolas para entender esse fenômeno.
Os avós da geração atual enfrentaram grandes desafios, vendo a educação como a porta para uma vida melhor. Eles investiram no futuro dos filhos, ensinando-os o valor do esforço. No entanto, esses filhos, ao se tornarem pais, buscaram proteger seus próprios filhos das adversidades, adotando uma abordagem mais permissiva. Embora movida pelo amor, essa atitude gerou jovens menos preparados para lidar com frustrações, criando uma geração com pouca resiliência e dificuldades em assumir compromissos a longo prazo. Quando a vida é facilitada desde cedo, a vontade de superar obstáculos enfraquece.
A escola, que deveria ser parceira nessa formação, também mudou. A cobrança diminuiu, a flexibilidade aumentou e o peso da responsabilidade foi diluído. Não se trata de defender métodos rígidos, mas sim de observar que a falta de consequências no ambiente escolar contribui para a criação de indivíduos despreparados para os desafios do mercado. Professores, muitas vezes, desmotivados e sobrecarregados, não conseguem estimular nos alunos o senso de responsabilidade.
O ponto não é apontar culpados, mas propor soluções. Famílias precisam equilibrar proteção e autonomia, ensinando que desafios são parte essencial do crescimento. O exemplo é a base do aprendizado. Escolas devem ir além do ensino formal e desenvolver competências emocionais que preparem os jovens para a realidade.
A falta de compromisso reflete falhas no ambiente familiar e escolar, não apenas mudanças no mercado. Formar adultos responsáveis requer um novo olhar sobre como educamos. Compromisso não se ensina apenas com palavras, mas se aprende pelo exemplo e pelos desafios. Vale ressaltar que esta análise considera a realidade de jovens desfavorecidos pela falta de suporte familiar e educacional público, focando nos que, mesmo tendo uma base mínima, ainda enfrentam dificuldades para desenvolver responsabilidade.
Jorge Eduardo Oliveira de Souza
Administrador, é Mestre em Ciências, Especialista em Psicologia Organizacional do Trabalho e em Gestão de projetos e da qualidade. Atua como professor de Educação Profissional, consultor de liderança, comportamento organizacional, diversidade e inclusão.