A substituição
Formação profissional
Publicado em 25/10/2024

Cláusula presente nos contratos de prestação de serviços firmados entre o empregador e a agência de empregos é a que trata da eventual substituição do candidato aprovado, que iniciará o trabalho e, se não der certo, pedirá para sair ou será convidado a fazê-lo. O prazo da vigência, o número de substituições, se com ou sem custo adicional, varia entre as agências. O que não varia é a delicadeza do compromisso, tanto maior quanto mais séria seja a empresa prestadora do serviço.

Os recrutadores e selecionadores capazes e éticos, ou o empregador diretamente, trabalham para que o primeiro candidato aprovado tenha o desempenho que dele se espera, supere-o até, e construa longeva permanência na empresa. Em havendo qualidade no processo, muito mais acertos que erros, a grande maioria dos atendimentos resultará em êxito. Porém, incontáveis são os motivos justificáveis para que um empregado sério, capaz e adequado não interaja bem com o seu novo empregador, por melhor que este também o seja. E, a despeito de gerar algum desgaste às partes envolvidas, a substituição será inevitável, sem tantos transtornos. Nesses casos, o candidato entra e sai pela porta da frente: de modo algum será considerado desonesto, preguiçoso ou incompetente.

O ‘abacaxi’, que azeda os humores e relações entre selecionador e empregador, aparece quando o bendito candidato aprovado por ambos tem desempenho e comportamento sofrível, medíocre, abaixo das mais tolerantes expectativas. Dentre os prejuízos para além do financeiro, da parte do selecionador sério sei o quanto dói, machuca e dificilmente tem recuperação, ser destinatário das inevitáveis cobranças e insatisfações do cliente, e até a sua desistência e contrapropaganda; a piorar quanto mais ocorra ter que fazer substituições referentes a um mesmo posto de trabalho ou quanto mais demore a se realizar uma única substituição. Ainda pior é quando o primeiro atendimento, que resulta no pagamento dos honorários do selecionador, é bem mais rápido que a eventual substituição, que tem custo adicional menor ou nenhum. Até clientes antigos, frequentes, permanentes e amplamente satisfeitos com a prestação do serviço têm limites à tolerância e compreensão com a crescente dificuldade de encontrar o profissional adequado; principalmente, os das áreas mais básicas – para restaurantes, construção civil, condomínios e área doméstica, por exemplo.

Obviamente, aqui se considera que o empregador seja sensato e consciente das suas obrigações. Entretanto, por mais que o seja, humanamente, tenderá a não notar ou admitir publicamente sua cota de responsabilidade, se houver, no caso de ocorrer substituição. Para todos os efeitos, a culpa, falha, inabilidade, etc., será do candidato que não deu certo ou de quem o selecionou; de ambos, para ser mais claro.

Para um mesmo posto de trabalho, quanto maior o número de substituições e menores os intervalos entre elas, mais evidente fica que a falha não está nos candidatos e sim em quem os seleciona ou em quem os contrata. Esse tipo de empregador, se honesto, terá e dará problemas enquanto persista na cegueira ante os próprios equívocos; se pilantra, quer lucrar com o prejuízo que gera aos outros. O selecionador inábil ou pilantra, até pode vir a ser insolvente, falido ou desempregado. Suponho que a consciência dos pilantras não os permita esquecer do que de fato são. Quanto aos de boa vontade e sem bom senso, resta torcer que enxerguem melhor e o quanto antes. 

Ao selecionador cabe permanentemente apurar a técnica, ampliando sua capacidade de reduzir riscos de equívocos. Reitero: reduzir, pois, eliminar é impossível. Nesta relação a três, por mais que todos sejam éticos, harmoniosos, qualificados, adequados e convergentes nos propósitos, jamais estarão imunes aos imprevistos inerentes a quaisquer relações humanas. Ao selecionador cabe dialogar, ponderar, informar e até divergir do cliente empregador, com clareza, certeza e firmeza, mesmo com risco de perdê-lo.

Ressalvando que nem todo selecionador  e empregador é sério e  capaz, admitidas as eventuais falhas nas avaliações e relações entre os melhores deles, o motivo líder absoluto no ranking das causas das substituições provêm da péssima contrapartida de candidatos infelizmente aprovados: é polêmica tão grande quanto a quantidade dos que são causadores e merecedores de substituições.

Então, note o tamanho da oportunidade: a concorrência continua enorme, mas, é menor do que parece. Todo candidato, quanto mais realmente possua e pratique aquelas monótonas previsibilidades contidas nos seus currículos e ditas nas entrevistas, mais tenderá a ser notado pelos selecionadores e empregadores, e para as melhores vagas. Quando aprovado para um posto de trabalho, naturalmente, maiores serão suas possibilidades de permanência e resistência às agruras do cotidiano empresarial, de todas as áreas e portes. Substituição? Em geral, só se geradas e a pedido deles mesmos, motivadas pela própria e meritória ascensão pessoal e profissional.

 

José Carlos de Oliveira

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