Normalmente compramos uma ideia ou um produto por uma simplória necessidade, todavia também adquirimos tais itens por paixão. Isso acontece porque o amor é um atributo arrebatador e intimamente deleitante. Desta forma ninguém resiste a algo que possui uma solução interessante aliada à sua esfera lindamente apaixonante e única.
Contudo, não conseguimos entregar tais virtudes por intermédio de ingredientes falsos. A verdade é crucial para que tal desenho seja perfeito e genuinamente valoroso. É feito um delicioso bolo de aniversário: quanto mais elementos de qualidade eu tiver mais encantador, saboroso e completo será, envolto a mãos que saibam esculpir a beleza em formas de corações, cores, letras e carinhos capazes de alegrar qualquer alma humana, fazendo com que tal criatura presenteada se sinta feliz, realizada, honrada e formidavelmente amada.
Mesmo que pareça absurda, ainda que todos a rejeitem, toda ideia, sendo original e ousada, deve ser preservada e, posteriormente, executada. Somos seres confusos e nem sempre sabemos o que queremos. Por isso o papel do empreen-dedor é tão importante: ele deve ser um valente sonhador. Mas não um sonhador qualquer, e sim alguém que tenha o mérito de tirar seus planos mirabolantes do papel e apresentá-los magistralmente por intermédio de coisas que façam sentido e representatividade para todos.
Aprendemos a sermos leais aos nossos amigos, esposas, irmãos, primos, parceiros de trabalho e devemos ser leais também aos nossos empreendimentos. Refiro-me especialmente às centelhas do coração, pois delas emergem toda a nossa natureza reluzentemente criativa. Por isso Aristóteles inteligentemente disse: “O nosso caráter é o resultado da nossa conduta.”
A mitologia grega narra que os seres humanos foram criados pelos irmãos titãs Prometeu e Epimeteu, deste modo eles ficaram incumbidos de concederem vida aos animais, aos homens e as mulheres do reino terrestre. Ao criar os animais Epimeteu ficou satisfeito, pois eles gozavam de grandes atributos: rapidez, agilidade, força, mobilidade etc, porém, ao gerar os seres humanos ele sentiu que precisava dar algo a mais a eles e compartilhou tal questão com Prometeu, que por amar muito seu irmão, resolveu, secretamente, roubar o fogo sagrado dos deuses para concedê-los aos humanos. Assim, suas novas criaturas foram levantadas com muito mais qualidades e recursos, o que trouxe a alegria a Epimeteu e a perversa ira de Zeus, o mais poderosos dentre todos os deuses, que imediatamente se levantou contra Prometeu, lhe dando um castigo terrivelmente cruel: o titã foi amarrado no alto do Monte Cáucaso e todos os dias uma grande águia o visitava devorando seu fígado durante todo o dia. De noite esse órgão milagrosamente se regenerava para que no dia posterior a ave pudesse repetir a violenta ação, comendo-o novamente. Zeus deixou o rebelde titã neste trevoso ciclo por muito tempo, sofrendo tremendamente todos os dias, até que finalmente Heráclito o libertou.
No mundo dos negócios o mito de Prometeu está mais vivo do que nunca. Os concorrentes e até os próprios parceiros de negócios vivem com medo de alguém entregar a “chama secreta” que eles possuem. Eles não entendem que há espaço para todos e que estamos aqui para dividirmos conhecimentos e não para enterrá-los e guardá-los só para nós. Da mesma forma como Zeus temia que seu poder fosse igualado ou superado, muitos empreendedores vivem olhando apenas para si e se esquecem da força da coletividade e da servidão.
Vivemos em uma aldeia social e nada é tão importante quanto à inovação. À vista disso as pessoas precisam ser valorizadas e potencializadas para que possam render ao máximo e consigam entregar resultados maximizados e singulares. Não foi por acaso que Jim Collins perspicazmente disse: “Não são as circunstâncias que causam resultados, são as pessoas.”
Enquanto nosso pensamento, egocêntrico e soberbo, for solitário e refratário, viveremos à mercê do medo e da dúvida. A capacidade de ouvir é uma das maiores forças para qualquer empreendedor, bem como dividir seus saberes. Só por meio dessas intrépidas atitudes alcançaremos a glória, compartilhando as recompensas com quem nos ajudou a erigir o castelo e reconhecendo quem se importou em bravamente lapidá-lo.
Pablo Bravin
Bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Licenciado em História, MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, MBA em Gestão Empresarial,
Pós Graduado em Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia.
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"Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito!" (Aristóteles)
"A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre!" (Oscar Wilde)