Ele tem vinte e poucos anos de idade e compareceu à agência de empregos interessado numa vaga anunciada. Após desperdiçar precioso tempo da recrutadora teimando em garantir ser o candidato ideal, protagonizou seu derradeiro deslize e cabal demonstração de despreparo; ao ser perguntado sobre sua formação, experiências e resultados profissionais, se poderia oportunamente discorrer e identificar mais detalhadamente, respondeu, com rispidez e indignação:
- Se não acredita em mim, você que vá descobrir onde trabalhei!
Na mesma manhã, com menos de vinte anos, apresentou-se um candidato sem experiência. Adiante e após os procedimentos cabíveis, a agência de empregos, convicta da validade de assumir o risco, pediu que o empregador abrisse exceção e o entrevistasse. Como resultado, as partes responderam uma à outra, quanto ao preenchimento daquela vaga: sim!
Experiência nem sempre rima com competência, eficiência, excelência. Inexperiência não precisa rimar com ineficiência, carência, imprudência. Uma e outra não garantem, porém, não impedem que a pessoa vá edificando-se: responsável e organizada; equilibrada e honesta; simpática e empática; humilde e segura; educada e gentil; ativa, criativa e proativa; realizadora e inovadora; paciente e perseverante; estudiosa, informada, observadora e saiba tirar bom proveito de tudo isto; transformando-se gradativamente em alguém considerável e adequada para relações pessoais e profissionais sadias, agradáveis, produtivas e prazerosas. E sendo, quanto mais experiente se vá tornando, mais positivamente será conhecida, reconhecida e requisitada.
Isto não é superstição ou jogo, não evita erros e injustiças, nem é ciência exata; porém, é bem o que as empresas (e não somente elas) com vocação para o sucesso real e futuro promissor procuram e não prescindem: pessoas dotadas, cultivadoras, divulgadoras e praticantes das atitudes e predicados acima elencados e outros, correlatos. Pessoas que escolhem e agem para ser assim não são caretas: são mais atuais, modernas e vanguardistas, portanto, diferenciadas, que quaisquer recursos disponibilizados pela maravilhosa tecnologia!
Tais predicados e atitudes continuam presentes nos conteúdos de cursos e livros, nos discursos de políticos, clérigos, líderes dos mais diversos agrupamentos e atividades; nos dos agentes midiáticos os mais variados; e nos dos que dão crédito a todos esses. São previsibilíssimos nos currículos, portfólios, redes sociais, entrevistas, conversas, discursos e ações dos que querem entrar, retornar, se manter e crescer no mercado de trabalho. Entretanto, lembrando o adágio popular que diz que “papel aceita tudo”, geralmente, é colossal a diferença entre a beleza e retidão do que se fala, prega, escreve, ensina, encena e cobra das outras pessoas, e o que verdadeiramente se sente, pensa e, efetivamente, se é!...
Também entre recrutadores, selecionadores, formadores e empregadores, os mesmos predicados e atitudes, por vezes, são poucos ou inexistentes. Mas, até entre esses, costuma acontecer o empenho para encontrar quem os possua para selecionar e contratar...
As pessoas realmente dotadas de bom caráter, com temperamento e personalidade que convergem ou se submetem a ele, vivem tendo tentações, errando e se esforçando por refletir, corrigir e evoluir: constituem a excelência e a esperança da humanidade!
As pessoas realmente dotadas de mau caráter, com temperamento e personalidade que convergem ou se submetem a ele, vivem tendo tentações, errando e se esforçando por reincidir: constituem a excrescência e o joio da humanidade (ainda que venham a amealhar dinheiro, fama, fãs e/ou fiéis, poder e reconhecimento, até em nome de Jesus)!
O primeiro candidato fora demitido dias antes; a empresa que o dispensou depois contratou justamente aquela agência para reduzir a chance de contratar outro tecnicamente incompetente e pessoalmente desqualificado, portanto, no todo, inadequado, para não dizer, possuidor ou vítima de um ou mais dentre esses vícios ou desabonos: vadio, obtuso, fanático, ególatra, desonesto, inepto, defasado etc.
Somando e organizando as informações, a agência logo constatou que o recentemente demitido não era outro senão o primeiro candidato, que, enquanto não se reciclar e melhorar, continuará entre os que, não por acaso, vivem batendo portas na própria cara!
E adivinha que empresa contratou o segundo candidato?
José Carlos de Oliveira