Emprego e trabalho
23/05/2024 15:43 em Formação profissional

Segundo o Dicionário Aurélio,  Emprego  é cargo, função, ocupação em serviço particular, público etc; colocação. Lugar onde se exerce emprego. Trabalho  é aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim. Atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária a realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento. Tarefa para ser transmitida.

Pessoas perderam ou perderão os seus empregos por terem fugido da obrigação de trabalhar. Se você conhece alguém que tem o privilégio de estar empregado, sem precisar trabalhar, saiba que isso é exceção e exemplo a não seguir. Quem garante que no seu emprego atual ou futuro isso dará certo?

Tem-se um emprego de chacareiro, por exemplo. O trabalho é cuidar da roça, horta, jardim, grama, vaca, galinhas, da cerca e da casa, atender visitantes etc. Em troca do trabalho virá o salário e demais vantagens. Se o patrão notar que a grama cresceu, a cerca caiu e o leite foi perdido, certamente dará o “olho da rua” para o chacareiro, afinal, ele aceitou o emprego – salário, casa, comida, registro, férias etc – mas fugiu do trabalho.

Acredite se puder e quiser: com variações conforme a área, notadamente entre as mais básicas, parcela dos desempregados, do momento em que são convidados a participar de processo seletivo até, no máximo, por volta do sétimo dia exercendo um emprego, desistirá. Geralmente, abandonam sem dar nenhuma satisfação, ou, alegam motivos inaceitáveis ​​e até ridículos; ou, são dispensados ​​por falta de qualidade, empenho ou seriedade. Na verdade, poucos completarão ao menos um ano no mesmo emprego. Claro, temos patrões que exploram empregados: alguns, sem má fé e que podem se reciclar e corrigir; outros, mau intencionados mesmo. E temos casos de patrão/empresa e empregado corretos que não se completam, não interagem.

Impera a tola mentalidade de que trabalho é coisa para pobre ou fracassado; ou é uma coisa chata, desagradável e inevitável, da qual se passa a vida a fugir: “enrola-se durante o expediente”, enquanto espera-se a hora do almoço, final do dia ou da semana, feriado, férias, aposentadoria… Milhões têm pouca ou nenhuma visão, vontade e coragem de investir no trabalho como meio de viabilizar não só a sobrevivência, mas, também o aperfeiçoamento e satisfação pessoal, ou seja: é o que propicia concretizar parte dos desejos e necessidades, inclusive viagens e diversões em geral.

Goste você ou não, é e será cada vez menor o número de empregos “tradicionais”, por causa de economia instável e também da estável. A primeira, quanto mais estagnada, menos contrata e mais demite. A segunda, conforme avança, menos precisa de pessoal com qualificação excelente, porém, encontrada em muitos outros profissionais; e procura os mais que excelentes: os com um diferencial que os torne únicos ou raros. Este diferencial passa pela capacidade de ser um excepcional empregado ou autônomo, empresário, profissional liberal; conforme características, pretensões de cada um e oportunidades surgidas e criadas. Nesse contexto, o registro em carteira torna-se relativamente secundário.

Querer trabalhar não garante emprego e não dispensa outros requisitos fundamentais. Muitos desempregados e empregados se revelam iguais a qualquer um quando procuram e se limitam a emprego. Outros encaram o trabalho e vão além, são diferenciados: mais que procurar, são procurados…

 

"Emprego e trabalho" escrevi em 2005, quando já não precisava investir em propaganda para divulgar a agência de empregos: a clientela que pagava pelos serviços era formada por empregadores que conservavam parceria e que nos indicavam a outros; e alguns nós indicávamos para outras agências ou assessorias, dentre as sérias e gabaritadas que faziam, e fazem, trabalho mais apurado que a simples divulgação de vagas e encaminhamento de candidatos. 

A clientela que não pagava eram os candidatos às vagas de emprego. Os que iam se esforçando se tornavam cada vez mais adequados àquilo para que se preparavam, com ampliação de oportunidades, não apenas no âmbito profissional; resultando que alguns precisavam menos de serviços como os por nós oferecidos.

Entre os demais prevalecia: 1) a procura por salários que lhes interessava, mas, dos quais sua formação medíocre ou precária os afastava; 2) a aversão ao trabalho, o trabalho mal feito ou com qualidade que deveria melhorar e, com exceções, a indignação quando tal necessidade lhes era exposta; 3) a opção preferencial pela mentira, já naquele tempo muitissimo "em nome de Jesus", não diferindo em nada dos picaretas enrustidos na política institucional, nas tosquias disfarçadas de igreja e de cristianismo e em todos os setores da sociedade. 

No nicho no qual me especializei os correspondentes ao terceiro parágrafo eram minoria. Como qualificação nem sempre garante adequação, para atender a demanda era imperativo procurar entre os correspondentes ao quarto parágrafo alguns que, com ajuda, se tocassem e agissem para sair da mesmice que os mantinha desinteressantes. Como uma das deformações da cultura nacional resulta em multidões que aprendem a ganhar o peixe e não a pescar (populistas e demagogos sabem como criar e lidar com as massas), nosso esforço era cada vez maior, os resultados cada vez mais demorados, piorados e menos duradouros. 

Como não pretendia abrir mão dos valores que edificaram a qualidade dos serviços e a credibilidade perante os clientes sérios, deduzi que adiante fecharia as portas e o fiz ao final da década seguinte. Daí, como agente, continuei com palestras, consultorias, artigos, programas em rádio: perserverava em incentivar formação pessoal e profissional diferenciada, de verdade (e não a medíocre e até de fachada que a mera posse de certificados de conclusão de cursos técnicos, tecnólogos, gradução e de especialização não necessariamente elimina). 

Segue comum o desapreço pelo esforço de ler, estudar e trabalhar, com satisfação e não só por obrigação; por hábito e com qualidade. Vigora a ética legalista (não cometer ilícitos para não ser descoberto como quem mais parece do que tem retidão). Menos comum é a ética clássica (tratar os outros como se gosta de ser tratado, ter  objetivos dignos e se valer de meios tão bons quanto para alcançá-los). 

A maravilhosa evolução tecnológica não reduziu os mesmos conceitos e comportamentos erráticos aos quais referi. Multidões que navegam na internet vivem à deriva e sob risco de afundamento, mesmo que não notem ou admitam. Costumam ser os que mais precisam de conteúdos tais como o do InFormativo PLENA e da radioplena.com.br e os que menos os notam e mais os desprezam.

Quem independentemente da rede mundial de computadores se esforçaria  estrategicamente, e definiria seu norte e encontraria seu farol, na internet navega mais e melhor, em águas mansas, e quando vêm as tempestades está melhor preparado, transformando-as em oportunidades. 

No mundo corporativo continuará irreversivelmente reduzindo o espaço para estudantes, empregados, autônomos e empregadores iguais a qualquer um, adeptos e repetidores da mediocridade que grassa. E continuará aumentando o espaço para os protagonistas criadores, inovadores, insubstituíveis por soffwares e máquinas; que são colaboradores, trabalhadores, profissionais, excelentes e, com a excelência,  notáveis e diferenciados: correspondendo às verdadeiras acepções dos termos, num processo de construção permanente!

 

José Carlos de Oliveira

 

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